2019 – O ano dos “reis” do investimento

bebida que pisca.jpgÉ impossível prever corretamente o que vai acontecer com o mercado no curto/médio prazo. Essa é o pressuposto básico desse blog e deveria ser o pressuposto de todo investidor.

No entanto, as perspectivas para 2019 são boas, com a economia reaquecendo, propostas de reformas políticas e um duradouro bull market no exterior. Ou seja, se não houver significativas mudanças, 2019 será um belo ano para surfar no mercado de ações.

Tenho visto, recentemente, uma série de “analistas” nas redes sociais que indicam o caminho das pedras para quem pretende investir, apresentam estratégias, tratam do assunto com bom humor e vendem consultorias para quem quer um atendimento personalizado.

De minha parte, enxergo com bons olhos o interesse da pessoa comum na bolsa de valores e entendo que uma linguagem mais informal, em redes sociais, ajuda a difundir o assunto e atrair novos investidores, contribuindo para o mercado imobiliário como um todo.

O que ocorre é que se a economia for bem como estamos imaginando, 2019 irá criar muitos mitos. Diversas pessoas terão tido resultados excepcionais, rentabilidades de 2 dígitos em um único mês, baterão os índices de mercado e clamarão nas redes sociais o quão bom são na análise de ações.

Não se enganem. Com mercado em alta, qualquer um vira rei!

Difícil mesmo é manter consistência ao longo do tempo, bater os índices no longo prazo e não quebrar quando a maré virar. Em época de otimismo, excesso de exposição e alavancagem fazem sucesso, mas “quando a maré baixa é que se percebe quem estava nadando nu.”

Diversificação, incerteza e segurança fazem parte do vocabulário dos bem sucedidos investidores em bolsa, mas são pouco  “sexies” para aparecerem nas redes sociais e teriam dificuldade para competir com as “bebidas que piscam” dos “reis do camarote” da B3.

Meu conselho? Estude, desenvolva seus próprios métodos e só siga as indicações de alguém quando puder entende-las e concordar com elas. Ao contrário do que clamam, não existe método para ficar rico rápido. Investimento em ações é questão de paciência e persistência, visando construir patrimônio a longo prazo.

Primeiro Aniversário (e revisão das indicações do ano passado).

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Foto por Murilo Folgosi em Pexels.com

Exatamente em janeiro de 2018 iniciávamos esse blog com uma lista de investimentos para se fazer durante aquele ano.

Agora, em 2019, voltamos à lista para ver nossos erros e acertos no ano que passou, e fazer a indicação de onde colocar seu dinheiro nesse ano que está começando.

1Educação Financeira – Continua sendo o destino mais importante para seus investimentos. Aqui, nenhum dinheiro é perdido. Mas o melhor de tudo é que no Youtube e em diversos outros sites há muito material disponível, e gratuito, para você se aperfeiçoar. Nossa recomendação esse ano é do blog Valores Reais. Poucos blogs tem prestado um trabalho tão bom, e por tanto tempo, quanto eles.

2Reserva de Emergência – Espero sinceramente que você não tenha precisado usar sua reserva de emergência em 2018, nem venha a usa-la em 2019. Mas se você teve uma emergência, sabe o quanto ela é importante. Continue com ela!

3Investimento em renda fixa – Eu sei que você está louco para ter ganhos expressivos. Mas maior retorno implica em maior risco, e é preciso uma margem de segurança. Estude um pouco sobre o Tesouro Direto e considere ter um bom dinheiro lá.

4Ações – 2019 pode ser um ótimo ano para a bolsa brasileira. Então tenha umas ações. Mas, como o contrário também pode acontecer, lembre-se que “diversificação” é a palavra da sobrevivência.

5Fundos Imobiliários – Os FIIs foram um grande destaque em 2018 e podem continuar a ser em 2019 se os juros continuarem a cair. São ótimos para a diversificação e uma das maneiras mais simples, e baratas, de investir em imóveis.

6Dólar – Se a economia brasileira parece estar saindo do fosso, a americana começa a dar sinais do fim de seu bull market. Não custa ter um pouquinho de dólar para se proteger. Mas de uma estudada nos fundos, costumam ser opções mais inteligentes do que o papel moeda.

7Um café com seus amigos – Pouca coisa vai te trazer tanta retorno, em termos de felicidade, quanto esse investimento. E, fica a dica, o café pode ser substituído por uma cervejinha.

Atualização 2019:
8o Ouro –
Se realmente tivermos um chacoalhão nos EUA, independente do cenário econômico brasileiro, sentiremos os efeitos. Quando a maior economia do mundo treme, todo mundo treme junto. O ouro, em si, não gera valor, então não vale a pena colocar muito dinheiro nele. Mas uma pequena posição nesse metal precioso (via fundos de investimento) pode vir a se tornar uma importante defesa contra cenários ruins.

Série – Começando a Investir: Derivativos e Mercado Futuro

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Foto por Kaboompics .com em Pexels.com

Imagine que você produz um determinado item que tem custo de produção de R$3,50 por unidade, e vende esse item para o exterior por 1 dólar. Na atual taxa de câmbio, você está ganhando R$0,40 por unidade, o que representa um lucro de 11%.

Um cliente americano te liga e te compra 1.000 unidades, para entrega em Dezembro, quando, então, te fará o pagamento. embora seja um ótimo pedido, tem um grande problema: você não sabe quanto estará valendo o dólar em dezembro. Caso o dólar se desvalorize e comece a valer menos que R$3,50 você terá prejuízo na sua venda. Nesse cenário, como assegurar o seu lucro?

Essa é uma situação cotidiana em muitas empresas que possuem suas operações dependentes de cotações futuras do dólar, bolsa de valores, ouro, petróleo, soja, café, entre outros. Todas elas se socorrem do mercado de derivativos, ou mercado futuro.

No nosso exemplo, a melhor forma de assegurar o seu lucro é acessar a B3 e vender contratos de dólar com vencimento em dezembro, se comprometendo a entregar os 1.000 dólares por, suponhamos, R$3.890,00.

Nesse cenário, seu lucro está assegurado e você deixa de correr o risco de uma desvalorização do dólar. Por outro lado, também deixa de se beneficiar caso o dólar, em dezembro, esteja valendo mais do que R$3,85. A operação, no entanto, serviu para proteger a sua atividade comercial e assegurar o seu lucro.

O que é: Entendido o exemplo, fica mais fácil compreender a definição de que derivativo é um contrato de compra e venda de um item futuro por um preço pré-estabelecido. Como no exemplo, muitas pessoas e empresas usam o derivativo para se proteger de determinadas situações. Outros tantos, comumente chamados de “especuladores”, usam o mercado futuro apenas com a idéia de lucrar nas valorizações ou desvalorizações desse mercado.

Porque é importante: Derivativos podem ser ótimas ferramentas de proteção de portfólios, além de oferecerem a possibilidade de lucros assimétricos. Requerem, no entanto, muito cuidado, pois são contratos difíceis de operar e que requerem conhecimento nas montagens e desmontagens de operação. Na maioria das vezes, a aplicação em derivativos estará mais no campo da aposta do que no campo do investimento.

Quanto investir: Nunca o dinheiro do leite, nem o dinheiro da pinga, talvez o dinheiro do whisky, mas o melhor mesmo é reservar para esse mercado aquela nota de 2 reais que sobra amassada no fundo do bolso da calça depois que você volta da balada. A excessão é se você estiver usando o derivativo como seguro. Nesse caso, o montante do seu investimento deve se pautar pelo valor que você deseja segurar.

Onde investir: A B3 possui uma série de derivativos e mini-contratos, que permitem o investimento mesmo com valores menores.

Qual o retorno esperado: É impossível dizer. Derivativos podem ajudar o seu capital a se multiplicar, mas podem te trazer rendimentos MUITO negativos.

Qual o risco: Derivativos envolvem entregas e cotações futuras, impossíveis de prever. O investimento em derivativos, portanto, não envolve o desembolso de dinheiro na montagem da operação, mas gera um saldo que é ajustado diariamente. Assim, para investir em derivativos, sua corretora exigirá uma garantia, que poderá ser dada em dinheiro ou através de outros títulos. Diariamente a corretora avalia se o título no qual você investiu se valorizou ou desvalorizou e ajusta a sua conta corrente creditando ou debitando o valor equivalente.  O maior risco, portanto, é se a corretora, ao tentar debitar algum valor de sua conta, não encontrar saldo e executar a garantia.

Outros aspectos importantes: Antes de investir em derivativos, estudo bastante e tenha bastante certeza sobre a operação que você está montando.

Série – Começando a investir: Imóveis Físicos

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Foto por Binyamin Mellish em Pexels.com

Há quem olhe com desconfianças os FIIs e prefira investir diretamente em imóveis físicos. Esses podem ser investimentos ótimos, mas que possui suas particularidades e requer alguns cuidados.

O que é: É o investimento mais comum quando pensamos em imóveis. O investidor compra uma casa, um apartamento, um lote ou qualquer outro imóvel ambicionando vendê-lo com lucro ou lucrar com o aluguel.

Porque é importante: Um imóvel, por ser físico e estar ao alcance das mãos e dos olhos do investidor passam mais segurança do que títulos mantidos por uma custodiante e negociados em um inefável mercado de valores. No entanto, a crise imobiliária de 2008 já nos mostrou que estes bens também não estão isentos dos riscos de mercado.

Quanto investir: Vamos ser realistas, imóvel não é barato. Enquanto a maioria dos investimentos pode ser acessado com alguns poucos reais, os imóveis requerem alguns milhares de investimento. Ou seja, ou você possui um patrimônio muito grande, ou deve evitar investir em imóveis, sobre o risco de ter todo o seu investimento concentrado em um só ativo.

Onde investir: Um dos grandes desafios do investimento em imóveis físicos é a ausência de informações. Não há um mercado único que precifique os imóveis e diga quanto eles valem. Infelizmente, a única forma de determinar o melhor investimento é com MUITA pesquisa e bastante paciência. Em um mesmo bairro, por exemplo, é comum que um apartamento custe muito mais que seu vizinho por estar em uma rua mais privilegiada. Em uma mesma cidade um lote pode custar muito mais que outro por permitir um coeficiente de construção maior. Assim, é preciso conhecer todos os detalhes dos imóveis no qual você pretende investir e tentar determinar o preço justo deles. Depois é preciso paciência e esperar uma barganha para fazer uma boa compra.

Qual o retorno esperado: O mercado de imóveis tende a se valorizar com o tempo. Assim, ressalvadas algumas excessões, o imóvel que você comprou deve se valorizar no futuro. Se a sua idéia é alugar, é importante que o valor do aluguel, somado à valorização do imóvel, supere a Selic. Cuidado com custos de manutenção, impostos, taxas e eventuais inadimplências, que tenderão a diminuir sua rentabilidade.

Para imóveis que você pretende vender daqui um tempo, o seu indexador deve ser o mesmo (Selic), mas há algumas maneiras de incrementar o seu lucro. Nesses casos, o ideal é buscar por imóveis que terão, além da valorização de mercado, uma valorização individual. É o caso, por exemplo, de uma casa que você pode reformar ou de um lote em um loteamento novo, que se valorizará até que se possa construir nele.

Diferentemente do investimento em ações ou em fundos, os imóveis físicos requerem uma gestão ativa de seus donos, em busca de bons locadores ou de oportunidades de venda vantajosas, além das manutenções dos imóveis.

Qual o risco: O primeiro é a concentração do patrimônio em um só ativo. Outro risco seria o de dano físico ao imóvel (que pode ser contornado com a contratação de um seguro). Além disso, há alguns riscos de mercado e riscos de liquidez. Imagine que você precisa de dinheiro e seu único bem seja o imóvel. Certamente você será obrigado a vendê-lo por um valor abaixo do mercado para conseguir vender rápido.

Além disso, ao comprar um imóvel para investimento, deve-se evitar o financiamento, pois juros, taxas e encargos consumirão uma parte significativa de seu lucro. Além disso, é possível pleitear um desconto maior na compra à vista.

Outros aspectos importantes: A compra de imóveis requer uma série de procedimentos burocráticos junto a cartórios e órgãos municipais. É preciso atentar para os custos desses procedimentos e para a regularidade do imóvel, garantindo que o imóvel passará para a sua propriedade sem maiores sobressaltos.

Série – Começando a investir: COEs

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Foto por Pixabay em Pexels.com

Vou te ser muito sincero: COE é um bicho novo no mercado, recém regulamentado no Brasil, ainda bastante desconhecido e cheio de particularidades. Muito pouco se fala sobre ele e as opções disponíveis no mercado ainda são poucas, mas que podem ser muito interessantes.

O que é: A sigla COE significa Certificado de Operações Estruturadas. Ou seja, é uma espécie de contrato (Certificado), com prazo de vencimento, através do qual a instituição financeira pega seu dinheiro e investe parte em renda fixa e parte em renda variável. Ou seja, para entender verdadeiramente um COE é preciso entender onde ele está investindo cada parte do seu dinheiro. No mundo dos COEs, ganham destaque aqueles que possuem o Capital Protegido, ou seja, que garantem ao fim do prazo ao menos o retorno do capital investido, independente do que aconteça com a renda variável. Importante ressaltar que os COEs geralmente possuem, também, um limite de ganho, a partir do qual a valorização da renda variável não é mais repassada ao investidor.

Como funciona: Para entendermos melhor como funciona um COE, imagine que um determinado banco oferece um COE de capital protegido que retornara 100% da valorização dos papeis da Petrobras em 2 anos, até o limite de 30%. O banco, então, investirá cerca de 88% do dinheiro arrecadado em títulos de renda fixa pré-fixado. É esse investimento que, depois de 2 anos, garantirá o retorno de 100% do capital investido. Com os 12% restante o banco compra opções atreladas ao papel da Petrobras, que permitirão repassar ao investidor eventuais valorizações que as ações da estatal venham a sofrer. Sem entrar no mérito das opções, o banco pode, por exemplo comprar calls com vencimento em 2 anos e preço de exercício próximo ao preço de mercado atual.

Nesse exemplo, se os papeis da Petrobras cairem, o investidor receberá de volta o dinheiro depositado. Se os papeis da Petrobras subirem até 30% o investidor receberá de volta o valor investido e se os papeis subirem acima disso o investidor continuará recebendo os mesmos 30% combinados.

Porque é importante: Há algumas utilidades em um COE. A mais evidente é que a ferramenta permite que o investidor se arrisque na renda variável tendo um limitador de perda. Outra vantagem está ligada à diversificação. O COE é, por si só, uma forma de diversificar entre renda variável e fixa mas, mais do que isso, há muitos COEs no mercado que investem em ativos de outros países ou fundos que usualmente não estão acessíveis ao investidor pessoa física.

Quanto Investir: Varia de acordo com cada portfólio, mas não deve ser muito. Conforme mostraremos abaixo, um COE não é isento de riscos. Não use o COE para fazer estrepolias, mas procure COEs que se adaptem ao seu portfólio atual.

Onde Investir: Procure sua corretora ou banco e veja quais são os COEs disponíveis. Leia o prospecto, entenda os riscos e tire todas as suas dúvidas antes de colocar qualquer centavo no investimento.

Qual o retorno esperado: Varia de acordo com cada COE e os ativos em que ele investe. Ressalto, mais uma vez, que é preciso ler o prospecto para entender os retornos e riscos. Importante ressaltar que nem todo COE tem capital protegido e, portanto, há chance de retornos negativos.

Quais os riscos: Há três riscos importantes. O primeiro está ligado ao emissor, que ficará com seu patrimônio por algum tempo. Tenha certeza de que se trata de uma instituição sólida e séria, já que para esse tipo de investimento não há garantia do SGC. O segundo está ligado ao prazo de investimento. Você compra agora um COE apostando na valorização da bolsa, mas no meio do caminho a situação muda e vai tudo de mal a pior. Você adoraria sacar seu dinheiro mas, ao contrário de um fundo de investimento, ele só estará disponível ao fim do contrato. O terceiro risco está ligado ao custo de oportunidade (precisamos falar sobre isso nesse blog). Você vê um COE de capital protegido e pensa: “é sem risco”. Mas se engana, pois esquece do custo de oportunidade. Mesmo com as atuais taxas de juros, dois anos de renda fixa renderiam cerca de 12%. Se ao final do investimento você receber apenas o capital investido terá deixado de ganhar (e, portanto, perdido) esses 12%. Da mesma forma, um COE de bolsa que limite seu ganho em 25% pode te causar uma perda se a bolsa no período crescer, por exemplo, 40%.

Outros aspectos importantes: Mais uma vez, leia o prospecto e entenda quais os riscos e vantagens de seu investimento. Esteja ciente que esses certificados possuem altas taxas de administração (que não aparecem para o investidor) e que algumas operações você mesmo poderia montar de uma forma mais econômica e segura. Lembre-se que, mesmo sem risco numérico, há o custo de oportunidade e que o ideal é que o COE esteja de acordo com o seu portfólio.

Série – Começando a investir: Ouro

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Mais uma vez, vamos tratar de um ativo voltado à proteção: o Ouro.

O que é: Ouro é um metal precioso, durante muito tempo utilizado pelos países como lastro para a emissão de papeis moedas. Ou seja, cada nota de determinada moeda que você tinha significava uma certa quantidade de ouro que o governo de um determinado país mantinha de reserva. O mercado atual é muito diferente e o ouro deixou de ser utilizado como lastro. No entanto, continua a ser uma reserva de valor, um seguro contra catástrofe, na idéia de que se tudo der errado, o ouro permanece, ou ganha, valor.

Porque é importante: Segurança e proteção. É aquela história: você se protege da bolsa investindo em renda fixa, se protege de desvalorização da moeda investindo em dólar, se protege de uma crise financeira investindo em imóveis e se protege de um cenário apocalíptico investindo em ouro.

Quanto investir: Assim como o dólar, o ouro não gera frutos ou dividendos. 10 gramas de ouro hoje pesarão os mesmos 10 gramas daqui a 100 anos. Assim, o ouro não deve receber um grande percentual de seu portfólio, apenas uma pequena parte, como seguro. Pense algo em torno de 1 ou 2%.

Onde investir: Fundos de investimento em ouro, comandados por um bom gestor e com baixíssima taxa de administração. Mercado futuro também é uma boa opção, embora mais complexa e, possivelmente, mais cara.

Qual o retorno esperado: Assim como o dólar, o ouro é um seguro. O que se espera não é retorno, mas proteção. Basta dar uma olhada no gráfico do valor do ouro para perceber que o ativo performa bem em momentos de grandes crises.

Qual o risco: No curto prazo, há risco de desvalorização. No longo prazo, o ouro deve continuar a ser uma importante reserva de valor. Se, mesmo assim, você perder dinheiro, pense que foi o custo de relaxar no fim do dia, sabendo que seu portfólio conta com uma proteção adicional

Outros aspectos importantes: Há quem prefira o  investimento em outro através da compra de lingotes de ouro, ou seja, o metal físico. Sinceramente, me parece uma medida mais trabalhosa e com muito mais risco do que comprar simplesmente as cotas de um fundo. No entanto, se você acredita que todo o sistema pode falir, com países dando calote nas dívidas soberanas, bancos indo à bancarrota e instituições financeiras se recusando a entregar os valores que gerenciam. Se você acredita em um ataque zombie ou se tem um sala segura em sua casa para o caso de um armagedon, essa passa a ser uma forma atrativa de se investir em ouro. Pense, no entanto, que em tal cenário pode ser que o ouro, mesmo o físico, deixe de ser um metal valioso ou importante

Série – Começando a investir: Moedas

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Sim, eu sei que você sabe o que é uma moeda, tanto no sentido físico (a que você carrega no bolso) quanto no abstrato (a unidade monetária de um país). Não é isso que eu vou explicar aqui. Quero tratar, na verdade, sobre os benefícios que uma moeda pode trazer para seu patrimônio.

O que é: Particularmente, eu gosto de considerar como investimento apenas aquilo que produz um resultado independente do principal, como ações (que pagam dividendos), FIIs (que pagam aluguel) ou Renda Fixa (que paga juros). No entanto, de acordo com Buffett, investimento é aquilo que você faz com o intuito de consumir mais no futuro do que consumiria hoje. Ou seja, moeda se enquadra. Investimento em moeda nada mais é do que comprar uma moeda de outro país esperando que ela se valorize diante da moeda de seu país.

Porque é importante: Além de trazer alguma diversificação para seu portfólio, investimento em moeda é uma ótima forma de proteção. Se estoura uma crise no Brasil, por exemplo, a tendência é que o real se desvalorize diante de outras moedas, ou, em outras palavras, a tendência é que seu investimento se valorize. Embora seja possível investir em moedas de todo o mundo, o ideal é o investimento em moedas fortes, que enfrentarão melhor mesmo as grandes crises  mundiais. Por isso a recomendação é que o investimento seja feito em dólar.

Quanto investir: Por ser um mecanismo de proteção, a recomendação é investir um percentual pequeno de seu patrimônio. Geralmente se recomenda algo entre 1 e 5%. Investidores mais agressivos costumam ter um percentual maior de seu patrimônio exposto ao dólar, mas isso não significa apenas investir na moeda, mas também em ações e imóveis dos EUA.

Onde investir: Dá moeda física até derivativos de mercado futuro, há diversas formas de se investir em dólar. A mais simples e acessível, no entanto, é o investimento em um fundo cambial, presente em quase todos os bancos e corretoras. Como o trabalho do gestor é pequeno, procure algum com baixa taxa de administração.

Qual o retorno esperado: Não há um balizador que sirva de parâmetro para o retorno em dólar. A valorização será aquela do dólar (ou de outra moeda).

Quais os riscos: O risco é que a moeda em que você investiu se desvalorize e, com isso, você perca algum dinheiro. Nesse caso, o melhor é pensar no investimento em moeda como um seguro. Você não considera que perdeu dinheiro quando contratou um seguro. Pelo contrário, você dorme tranquilo porque sabe que, se o pior acontecer, você está segurado.

Outros aspectos importantes: Quando se compra uma boa ação pagadora de dividendos, o que costumamos ouvir é que devemos esquecer os preços. Se a ação é boa e gera lucros, pouco importa o preço pelo qual ela está sendo negociada. Com moedas isso é um pouco diferente. O preço, aqui, importa. Como falado, elas não geram dividendos, alugueis ou juros. Portanto, você só lucrará com elas se compra-las baratas e vendê-las caras. Essa é uma tarefa difícil, mas há duas sugestões que podem ajudar:
(i) É muito difícil analisar a economia mundial e saber se uma moeda vai subir ou cair. Mas algum bom senso pode ajudar. Por exemplo, com as eleições se aproximando, iremos passar por um período de turbulência e o preço do dólar deve variar bastante. Se ele bater R$7, por exemplo, você sabe que é um valor nunca visto e, portanto, está na hora de vender. Mas se ele chegar em R$2, você também sabe que é um valor historicamente baixo e, portanto, está na hora de comprar.
(ii) um caminho mais simples é estabelecer limite superior e inferior de exposição de seu patrimônio à moeda. Vamos dizer, por exemplo, que você define que vai ter entre 3% e 5% de seu patrimônio em dólar. Toda vez que o dólar cair e passar a representar menos de 3% de seu patrimônio, você compra. Toda vez que subir e passar a representar mais de 5% de seu patrimônio, você vende. Você nunca acertará o timming exato de quando a moeda irá parar de subir ou cair, mas terá uma boa ferramenta automática para essa gestão.

Série – Começando a investir: Fundos de Investimento Imobiliário

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Foto por Burst em Pexels.com

No artigo anterior explicamos um pouco sobre o que são, e como funcionam, os Fundos de Investimento. Agora vamos voltar ao assunto para falar de um tipo de fundo muito especial, os Fundos de Investimento imobiliário ou, simplesmente, FIIs.

O que é: Um FII nada mais é do que um fundo de investimento que investe diretamente em imóveis físicos ou em créditos imobiliários (LCI, por exemplo). Por serem negociados em bolsa, podem ser facilmente comprados e vendidos pelos investidores. Assim, quando se compra um FII está se comprando, na verdade, um pedaço ideal de um prédio, um hotel, ou de papeis de lastro em imóveis. Assim como quem investe em imóveis, o possuidor de um FII faz jus ao recebimento de um aluguel mensal, que será creditado na conta da corretora. Os problemas enfrentados por um FII são os mesmos de quem investe diretamente em imóveis: vacância, manutenção, carência, preço do aluguel, etc. No FII, no entanto, todos esses problemas são delegados a um gestor profissional, com tempo e experiencia para resolve-los.

Porque é importante: Um bom portfólio, adequadamente balanceado, deve ter ao menos um pequeno percentual investido em imóveis. Os FIIs são uma maneira de realizar esse investimento sem precisar de desembolsos muito grandes (como precisaria para comprar um imóvel inteiro, por exemplo) e permitem o investimento em ativos que, geralmente, não estariam disponíveis para a pessoa física (galpões logísticos, lajes comerciais, shoppings).

Quanto investir: Não há uma resposta definitiva para isso, pois depende do portfólio que melhor atende seus interesses. Penso que algo acima de 10% em imóveis é altamente recomendável, sendo o FII um excelente mecanismo para implementar esse investimento.

Onde invertir: Para decidir o melhor FII é preciso verificar qual ativo que aquele FII representa. Há três tipos básicos: de tijolos, de desenvolvimento e de papel. FIIs de Tijolos são aqueles que investem diretamente em imóveis físicos. Há aqueles que se dedicam apenas a 1 empreendimento (um hotel ou universidade, por exemplo), enquanto outros se dedicam a diversificar o portfólio (com galpões logísticos em vários estados, por exemplo). FIIs de desenvolvimento são os que se dedicam à construção e venda de imóveis, funcionando de forma muito parecida com empresas de construção civil. Já os FIIs de papel são aqueles especializados na negociação de papeis e contratos com lastro imobiliário, como CRI, LCI e LH, por exemplo. Há, ainda, um subtipo, que são os Fundos de Fundo, que podem ser uma boa pedida quando a regra é a diversificação. Escolher qual o melhor fundo para investir, portanto, dependerá da sua visão sobre o mercado imobiliário e os setores com maior rendimento para o futuro.

Qual o retorno esperado: Os FIIs, principalmente por estarem intimamente ligados a imóveis e, portanto, com lastro físico,  fornecem uma boa segurança ao investidor. Assim, pode-se esperar o pagamento de alugueis em percentual levemente superior à Selic. Algumas pessoas investem em imóveis que passam pro problemas (como alta vacância) ou modificações (tanto no portfólio do fundo quanto reformas dos imóveis) esperando também uma melhora do valor da conta, além do recebimento dos alugueis.

Qual o risco: Há dois principais riscos. O primeiro, de curto prazo, está ligado à marcação a mercado do preço das cotas dos FIIs. Como são negociados em bolsa, o valor do fundo pode variar (e, realmente, varia) em um dia sem que haja nenhum motivo para isso. O segundo, de longo prazo, está relacionado aos ativos no qual o fundo investe. Se for mal gerido, se tiver um aumento extraordinário das despesas ou se tiver um grande aumento de vacância o fundo sofrerá e os efeitos serão sentidos no valor das cotas.

Outros aspectos importantes: Antes de investir em um FII, procure saber quem é o gestor do fundo. Como em qualquer outro fundo de investimento, prefira gestores que possuam experiencia e sejam consagrados pelo mercado. Além disso, vale lembrar que os alugueis recebidos dos fundos são isentos de IR, mas eventual valorização da cota será tributada em 20% (independente da quantidade ou valor).

Série – Começando a investir: Fundos de Investimento

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No último texto dessa nossa série já comentamos um pouco sobre os fundos de investimento. Está na hora de voltar ao tema e entender, afinal, o que são os fundos e como eles podem ajudar nos seus investimentos.

O que é: Um fundo de investimento não é, na realidade, um ativo, mas uma ferramenta de investimento. Uma pessoa que opte por realizar seus investimentos através de um fundo está, na verdade, terceirizando a gestão daquela parte de seu patrimônio. Está deixando de investir diretamente em ativos (ações, títulos da dívida, imóveis), para realizar um investimento indireto (através de um fundo) e gerenciado por um especialista.

Porque é importante: Em um portfólio os fundos podem exercer três funções básicas:
(i) Profissionalização: vamos ser sinceros, fazer boas escolhas de investimento é uma tarefa difícil, que exige tempo e conhecimento. Um fundo de investimento, no entanto, é uma maneira barata de colocar a gestão de uma parte de seu patrimônio na mão de um gestor experiente e focado na obtenção de melhores resultados.
(ii) Diversificação: especialmente para investidores pequenos, um fundo de investimento é uma forma barata de diversificar. Por exemplo, imagine que você queira montar uma carteira com cerca de 20 ações. Ou você terá que comprar lotes fracionados (gastando uma boa parte de seu patrimônio em corretagem) ou irá comprar os lotes padrões (fazendo o investimento mínimo ser alto). No entanto, como um fundo de investimento reúne vários investidor, será possível fazer essa diversificação através de um fundo de investimento em ações, sem ter que colocar muito dinheiro ou gastar alguma coisa em corretagem.
(iii) Acesso: Os fundos de investimento tornam mais fáceis acessar produtos que não estão disponíveis para o investidor comum. Sabe aquele debênture que aquela empresa de energia lançou com uma ótima taxa mas você não conseguiu comprar porque o investimento mínimo era de 1 milhão de reais? Há uma grande chance que um fundo de investimento tenha comprado e você consiga, indiretamente, investir nela.

Quanto investir: Como um Fundo de Investimento não é um ativo, não há uma regra de quanto de seu dinheiro deve estar em fundos. É preciso analisar qual tipo de fundo você está comprando e o quanto esse ativo deve representar em seu portfólio. Assim, se você decidiu investir até 20% de seu patrimônio em ações, poderá fazer esse investimento de forma direta ou através de um fundo que invista em ações.

Onde investir: Se ao investir em ações você coloca seu dinheiro na mão de outra pessoa, é preciso que você confie nessa pessoa, o “gestor” do fundo de investimento. Há nomes consagrados no mercado de investimento, assim como há empresas conhecidas por boa gestão. Além disso, é preciso saber onde o fundo de investimento está investindo, quais os limites do poder do gestor e se isso faz sentido em seu portfólio.

Qual o retorno esperado e quais os riscos: Depende dos ativos no qual o fundo de investimento investe. Lembre-se sempre que o gestor será remunerado através da taxa de administração e de performance, que diminui um pouco a remuneração que o investidor teria se tivesse aplicado diretamente no ativo.

Outros aspectos importantes: É preciso uma análise prévia antes de investir em um fundo. Comece se perguntando quem é o gestor desse fundo, onde esse fundo promete investir, quais os limites da administração quais os riscos e se isso faz sentido para o seu portfólio. Além disso, cuidados com a taxa de administração e perfomance cobradas pelo fundo. Essa taxa são percentuais que os fundos cobram de seus investidores e que precisam estar adequadas ao trabalho que realizam. Avalie se a taxa de administração faz sentido. Um fundo que só investe em uma determinada ação, ou que só investe em Selic, exige pouco de seu gestor e, por isso, não deveria cobrar uma taxa de administração alta. Da mesma forma, a taxa de performance, que só é paga quando o fundo alcança determinado objetivo, precisa ser coerente. Gosto de fundos que cobram taxa de performance porque me agrada a idéia de um gestor comprometido com os resultados. Essa taxa, no entanto, precisa fazer sentido. Para fundos em renda fixa, por exemplo, a taxa deveria ser paga só quando se superasse a Selic. Para as ações, o Ibovespa, e assim por diante.

Série – Começando a investir: As Ações

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As ações talvez sejam os ativos preferidos de muitos investidores, mas também as mais temidas por aqueles que não possuem conhecimento sobre o mercado. É preciso admitir que investir em ações pode não ser tão fácil quanto investir em renda fixa, mas também não é (ou não precisa ser) o bicho papão que muitos leigos enxergam. Vamos entender um pouco melhor sobre elas.

O que é: Como já conversamos em um artigo aqui no blog, uma ação é um pequeno pedaço de uma empresa. É uma participação no capital daquela empresa, permitindo que você se torne um acionista e se beneficie da distribuição de lucros ou do aumento de valor da empresa. Como não é possível prever o quanto essas empresas irão (ou não) render, as ações são consideradas investimento de renda variável.

Porque é importante: Retorno! Investimento em ações é a forma que você tem de buscar investimentos superiores àqueles obtidos em renda fixa.

Quanto investir: Depende do seu perfil de investimento e do perfil de seu portfólio. Ações costumam ser vistas como investimento de risco (embora isso nem sempre seja verdade), portanto não devem ocupar um percentual muito grande de seu portfólio. Há uma tabela por vezes empregada que diz que uma pessoa conservadora deve ter até 10% de seu investimento em ações, enquanto uma pessoa moderada deve ter 20% e uma pessoa agressiva pode ter até 30% de seu portfólio em ações. No meu entendimento, essa é uma visão míope, pois a alocação varia muito caso a caso.

Proponho uma metodologia diferente: pense que o seu investimento em ações pode passar por um período de baixa e começar a valer 50% do que você investiu. Qual o percentual em ações que te permitiria ficar tranquilo mesmo com essa baixa?

Onde investir: É claro que o investidor quer escolher as melhores empresas e ver elas performando melhor que o mercado. Mas vou te contar um segredo: isso é MUITO difícil, mesmo para investidores experientes. Assim, se você não tem plena certeza do que está fazendo, o ideal é que alguém escolha as ações para você. Então contratar uma empresa de conteúdos ou investir em um fundo de investimento em ações é uma maneira de ter uma gestão mais inteligente de sua carteira.

Qual o retorno esperado: É muito difícil dizer. O mercado de ações é volátil e sua ação pode disparar ou derreter em dias. No entanto, como as ações apresentam maior risco que a renda fixa, elas também precisam render mais. Assim, o ideal é que sua carteira de renda variável, no médio e longo prazo, renda mais que a taxa selic.

Riscos: Não vou mentir para vocês: investimento em ações implica em risco. Há maneiras de diminuir esse risco e há maneiras de diminuir o risco de um portfólio, como um todo, ao adicionar nele uma pequena parcela de ações. No entanto, ações podem perder parte significativa de seu valor em pouco tempo e você tem que estar preparado (inclusive psicologicamente) para passar por isso.

Outros aspectos importantes: Caso você opte por investir em ações através de fundos de investimento, você precisa saber que há dois tipos de fundo: os passivos e os ativos. Os passivos são aqueles que buscam replicar determinado índice ou preço, copiando os números do IBOVESPA, de determinado setor da economia ou de determinado ativo. Ao investir em fundos passivos você deve estar de olho nas taxas cobradas e se elas não são abusivas. Uma boa alternativa aos fundos passivos são as ETFs, fundos negociados em bolsa, de fácil investimento e baixos custos. Já os fundos de investimento de gestão passiva buscam outros objetivos: superar o mercado, investir em empresas em crescimento, focar em empresas que distribuem dividendos, etc. Nesse caso, observe os objetivos do fundo e se certifique que eles são os mesmos que o seu, depois pesquise para saber o histórico e a competência dos gestores do fundo em que você está investindo.